10 dificuldades dos recém chegados ao Canadá

O tema de hoje são as dificuldades dos recém chegados aqui no Canadá que tivemos.

Cada um tem uma dificuldade em particular, até porque cada um vai ter pesquisado mais ou menos sobre determinadas coisas antes de chegar e hoje vou listar algumas dificuldades dos recém chegados, não somente nossas, mas também de amigos.

1 – Saber onde comprar as coisas. Esse é um pouco importante e, sinceramente, confesso que tem um monte de coisa que eu ainda não sei onde compra. Eu nunca fui ligada em nome de loja, então tudo eu pergunto pra alguém aqui onde compra. Teve um dia que eu estava que nem doida tentando achar um caderno, me mandaram comprar na Dollarama. Mas eu queria uma papelaria pra comprar as coisas e cismei que não tinha papelaria aqui no Canadá (aloka) até alguém me mandar ir na Staples.

2 – Entender o que é permitido e o que não é permitido fazer. Comentei isso em um outro post quando citei que eu não podia atravessar a rua com o sinal fechado pra mim. Depois que me disseram que isso era passível de uma multa de 400 dólares, eu fico morrendo de medo de atravessar a rua fora do sinal. O ruim é que eu sou super ansiosa e o meu caminho até o college tem uns 10 sinais que estão sempre fechados e eu não me permito atravessar mesmo que não tenha um mísero carro passando na rua. Outra coisa que você precisa se adaptar é ao trânsito que muda um pouco comparado ao Brasil e aqui você pode fazer algumas manobras que no Brasil não pode.

3 – Uma das partes mais chatas de ser um recém chegado sem ir direto ao seu apartamento, como foi o meu caso, é ter que viver na casa de uma pessoa estranha e que nem sempre você tem afinidade. No primeiro Airbnb era uma beleza. Todo mundo era divertido, a gente ria, passeava, cozinhava juntos e tals. Mas aí quando fui para o segundo Airbnb, meu santo não bateu com o da senhora que foi a nossa host e os dias iam passando e eu fui ficando cada vez mais ansiosa pra sair de lá. Ela não era uma má pessoa, mas a casa era muito zoneada e ela tinha uns pensamentos que realmente não batiam com os meus. Quem me segue no snapchat ouviu um monte das coisas que ela disse pra mim. Aliás, se você não me segue no snapchat, kittynocanada.

4 – Ver que eu estava gastando mais do que eu tinha me planejado. Bom, como eu disse, fiquei num airbnb grande parte do tempo onde não tinha muito espaço para botarmos nossas comidas e eu nem tinha coragem de cozinhar naquela cozinha suja. Isso acabou nos obrigando a comer fora e como nós não temos o costume de comer junk food, pizza, salgado, mc donalds e tals, comemos fora muitas e muitas vezes. Mas o dinheiro não foi embora só com isso. Depois que eu descobri que eu poderia trabalhar com massoterapia aqui em Vancouver, eu tive que pagar pela licença pra trabalhar, pela maca, pelos materiais de trabalho e morri em quase mil dólares pra fazer tudo isso. Pagar pra começar a trabalhar era algo que eu realmente não tinha me planejado pra fazer porque eu achei que não poderia trabalhar com massagem.

5 – Tem gente que tem a dificuldade de chegar aqui e não conhecer ninguém. Nós graças a deus não tivemos essa dificuldade. Só estou citando essa dificuldade porque pode ser a sua. Então se você estiver vindo pra Vancouver e não conhecer ninguém, me chama que eu te ajudo. Não só a se virar, mas a conhecer mais gente também. Brasileiros, uni-vos!

Não, sério, gente. Tem muita gente que passa perrengue aqui porque não conhece ninguém. Eu tive pessoas INCRÍVEIS me ajudando durante todo o tempo que estive aqui. Ajudando com a mudança, a montar móvel, a achar loja, a comprar roupa boa e barata, a tanta coisa que eu acho que temos mesmo que unir força e ajudarmos uns aos outros pra que ninguém passe perrengue.

6 – Começar do zero. Sim, começar do zero pode ser difícil se você está sozinho, principalmente. Procurar apartamento, montar uma casa do zero, sem saber quais são as marcas boas, no que você está investido, no que você está perdendo dinheiro, se alguém vai te dar algum tipo de golpe, em quem confiar, em quem não confiar, quais são os documentos que você tem que tirar quando chega, o que é obrigatório, o que não é, arrumar emprego, ser um desconhecido no meio da multidão, começar a carreira toda de novo. Juro, daqui não saio mais. Esse negócio de ficar construindo carreira em cada cidade que eu vou é um saco.

7 – Entender os sotaques. Essa é uma das maiores dificuldades dos recém chegados, especialmente em Vancouver e Toronto. Eu me formei na Cultura Inglesa, ouvindo aquele inglês britânico limpo e lindo e metido e foi assim que eu fui treinada. Chegar aqui com todos esses sotaques, eu me sinto quase uma analfabeta em inglês. Por isso eu admiro muito quem chega aqui sem inglês nenhum e se vira pra entender o que o povo fala, ainda mais com esse tanto de sotaque diferente que tem por aqui.

8 – Mudanças nos nossos corpos. Oi? Como assim? Pois é. Chegar num país diferente é entrar em contato com uma culinária diferente, um clima diferente, um nível de atividade física diferente, muitas vezes. Tem gente que chega aqui e piora horrores de problemas respiratórios, dores, engorda muito ou emagrece muito. Tem gente que não sofre nada. Eu cheguei aqui e, devido a todas as mudanças no meu dia-a-dia, irregularidade pra comer já que eu comia fora sempre, acabei ganhando mais peso do que eu gostaria. Mas isso a gente perde. E quem tem problemas de articulações e elas começam a gritar quando chega no meio do inverno de Toronto? Isso que eu falo é no básico. Tem gente que desenvolve alergia, tem gente que fica com a pele horrível, com o cabelo horrível, que não se adapta aos produtos que são vendidos aqui.

9 – Ser independente. Muitos de vocês são realmente independentes, outros nem tanto. Não digo apenas financeiramente, mas independente no que diz respeito a cuidar de absolutamente tudo e não precisar de ajuda alheia nem que seja pra cuidar das crianças ou de casa. Eu morei sozinha em Santa Catarina durante alguns anos e, obviamente cuidava da casa e tals. Mas nunca tive o menor talento pra cozinhar, até porque meu namorado na época, que morava comigo, cozinhava super bem e trabalhava em casa. Depois que ele parou de morar comigo, eu comecei a comer na faculdade ou inventava aquele macarrão cheio de qualquer coisa que tinha em casa e comia tranquila. Minha maior dificuldade aqui tem sido cozinhar, não só pra mim, mas para o Thiago também. O Thiago cozinha super bem, mas eu me comprometi a não deixar ele responsável por isso, até porque depois que a família crescer, quem vai ter que alimentar ela será quem estiver em casa.

Vir para cá é saber que todos os serviços valem o preço que eles merecem (porque no Brasil a gente desvaloriza os serviços mesmo) e que para economizar, temos que nos virar 100% sozinhos. Não há vida de dondoca no Canadá. Como dizem as meninas do BFF no Canadá, não dá pra ser chique no Canadá.

10 – Se comunicar em inglês. Sim, mesmo para quem é fluente muitas vezes tem um certo nervosismo em falar no telefone, compreender e ser compreendido. Falo isso porque eu fugia de tudo quanto era situação que me obrigava a falar com o pessoal seja pessoalmente, seja por telefone. Imagine quem chega aqui com pouco inglês e tem medo de errar, de dizer algo que não deveria, dizer algo impróprio e tal?

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