Hoje eu trouxe para vocês 5 coisas com as quais eu tive que me acostumar aqui no Canadá. Eu certamente não tinha nenhum desses “problemas”, que não são bem problemas, no Brasil e sofri um pouco para me adaptar a alguns deles.
1 – Sempre carregar um casaco na bolsa ou um guarda chuva
No meu caso, eu não carrego guarda-chuva, mas o casaco ou tá na minha bolsa ou na minha cintura. Se eu sei que vou voltar de noite para casa, aí mesmo que não saio sem o casaco. Pode estar o verão mais delícia do mundo, ainda há chances de ficar friozinho de noite. Vancouver tem um clima bem parecido com o de Curitiba, que faz as 4 estações em um dia só. Então os curitibanos vão tirar isso aqui de letra.
2 – A perguntar se a comida que eu escolhi é picante ou não. E se tem abacate ou não.
Devo confessar que o abacate não me incomoda nem um pouco, apesar de no começo eu ter achado muito esquisito que até na comida japonesa tinha abacate. Eu aprendi a gostar de abacate muito mais do que já gostava aqui. Mas a pimenta… Eu já deixei de comer várias coisas aqui porque estava muito apimentado, mesmo quando eu perguntava se era picante ou não. Acho que o nosso critério de comida apimentada é diferente do critério deles. Hoje eu sei que quando eu finalmente acho algo que não é apimentado no cardápio, provavelmente será aquele prato que eu comerei para sempre no restaurante.
3 – Você não vai entender mais da metade das coisas que ouvir na rua ou no college ou no trabalho
No meu college antigo, as conversas paralelas eram em farsi e em coreano. No meu college novo, quando chega a hora do intervalo, só se ouve Punjab, mandarim e farsi. Cada um fica no seu grupinho e eu fico sozinha ouvindo todo mundo papear e sem entender nada. Na rua também. E isso eu acho até que é uma certa vantagem porque eu me sinto meio invadida de saber que tem alguém entendendo o que eu estou falando. Então ás vezes eu tô escrevendo alguma coisa que eu não quero que ninguém leia durante a aula ou na rua e tem uma chance grande de o bisbilhoteiro, se tiver algum, não entender o que está escrito. A minha colega que senta do meu lado, volta e meia me vê escrevendo nos intervalos e começa “o que você está escrevendo?” “é em que língua?” “eu queria entender o que você está escrevendo”. Eu acho bonitinho porque eu também queria muito entender o que ela fica falando com os indianos, mas deixa eles com a privacidade deles, né? Se eles quisessem que o papo fosse público não falariam na própria língua.
4 – Abrir sempre a água quente e a fria na torneira
Vocês quando chegarem aqui ou vão queimar a mão com a água fria ou com a água quente. Faz parte. Porque não é só quente e frio é PELANDO DE FAZER QUEIMADURA DE TERCEIRO GRAU e CONGELANTE DE FAZER FROSTBITE. É muito quente e muito frio. Hoje em dia eu já aprendi, mas de vez em quando as minhas visitas vem reclamar comigo porque eu não avisei que precisava abrir as duas. E se for para abrir uma só, abra a quente. Ela demora alguns segundos para ir esquentando e pode ser que dê para lavar a mão rapidinho até ela começar a esquentar demais.
5 – Não ver noite por quase 6 meses a não ser que você vá dormir depois das 10. E consequentemente acordar as 5 da manhã com sol.
Esta é especial para o verão, essa época linda, cheia de luz solar que preenche os nossos corações e nos ajuda a produzir Vitamina D. Eu sou uma pessoa diurna, então a vida toda acordei por volta das 6-7 da manhã por vontade própria e fui dormir entre 9-10 horas da noite. Mas durante o verão o sol nasce as 4 da manhã e se põe quando eu já tô no meu sétimo sono. Eu não sei o que é noite durante quase 6 meses. De abril até quase outubro eu vou dormir está sol e acordo está sol também. É confuso no começo porque você não percebe o dia passando porque está sol o tempo todo. E aí quando você finalmente se acostuma, vem o outono e acaba com a farra.